Como tratar a dor corretamente?

Como tratar a dor corretamente?

Conhecer a evolução histórica no tratamento da dor e no mundo é o primeiro passo para que você procure tratamento adequado e que sua dor não seja subtradada. Você sabia que muita pessoas realizam cirurgias para o controle da dor sem necessidade? Tomam anti-inflamatórios por conta própria ou ate mesmo indicado por médicos. Vejo no meu dia a dia no consultório pessoas que tiveram problemas intestinais como diverticulite e insuficiência renal por causa do uso excessivo de remédios para dor. Artrodese para coluna lombar e cervical apresentam desfecho ruim para o controle da dor na coluna vertebral, sem contar o risco que se passa com procedimentos cirúrgicos como anestesia e infecções hospitalares.

Em 1960, os médicos Brasileiros começaram a se interessar pelo estudo da dor. Foi quando chegaram os primeiros exemplares do livro desse senhor que está na foto acima chamado John Bonica. The Management of Pain, publicado em 1953.

Influenciados por essa publicação, alguns anestesiologistas brasileiros começaram a usar as técnicas de bloqueios anestésicos e neurolíticos (álcool), principalmente para tratar dores excruciantes, devido ao câncer, dores neuropáticas, como a síndrome da dor complexo regional. isso aconteceu nas cidades do Rio de janeiro e Porto Alegre inicialmente.

Nessa época a Dra. Cicely Saunders era a única pessoa que estava realizando analgesia sistêmica para pacientes com câncer. Ela utilizava o coquetel de Brompton, um elixir composto de heroína e gim, e estava começando a esboçar o conceito de Medicina Paliativa. Posteriormente, a Dra. Marlete foi à Suécia, Itália e França, estabelecendo contato com os principais cientistas envolvidos no tratamento de dor da Europa.

Um evento curioso aconteceu em sua volta ao Brasil: A Dra. Cicely presenteou-a com 1 kg de heroína em pó para tratar seus pacientes no Brasil, ao qual declinou, alegando dificuldades burocráticas.

Período após a criação da IASP

Nos anos de 1970, houve um grande avanço científico para o tratamento da dor. Em 1973, o Dr. John Bonica reuniu 102 pesquisadores de vários países para um simpósio internacional nos EUA, foi criado um jornal científico à área de dor e uma associação internacional para dar suporte ao jornal e avançar nas pesquisas sobre o tratamento da dor. Surgiu assim o jornal Pain e a IASP, tendo seu primeiro congresso em 1975 na Itália. Outyro marco importante foi a descoberta das endorfinas, um dos mecanismos de ação dos opióides, melhorando a qualidade do tratamento da dor oncológica.

Em 1976 houve o ressurgimento da acupuntura, pelo fato de cirurgias terem sido realizadas sob anestesia com acupuntura. Em 1978 teve o primeiro curso de acupuntura para médicos, havia grande interesse por causa do seu efeito analgésico evidenciado para o tratamento de dores crônicas, tendo pouco efeito em pacientes com câncer, pois seu sistema de analgesia depende da liberação de opióides endôpgenos, sistema esse enfraquecido nessa condição.

Em 1979 a OMS, por influência da IASP,  avaliou como estava o tratamento da dor oncológica no Mundo. A comunidade Médica estava voltada para o uso da morfina oral e foi desenvolvido o comprimido de morfina para o controle da dor oncológica em 1982.

Nesse período, o vício em heroína era muito alto nos EUA, a ONU restringiu a circulação da morfina pelo mundo. Ficou determinado que a Turquia plantaria a papoula para extração do ópio para a sua produção. Cada país solicitava a ONU uma quantidade para seu consumo.  Durante o governo militar a morfina foi retirada da farmacoterapia brasileira, ficando apenas a meperidina.

A morfina voltou a ser introduzida no Brasil quando a secretária do atual presidente teve câncer de mama, sentindo muitas dores, precisou usar morfina oral.

A partir do melhor controle da dor, que era o maior sintoma do câncer, começou-se a dar mais atenção aos outros sintomas como dispinéia, tosse, prurido, depressão, surgindo o conceito de ¨cuidados paliativos¨.

A eficácia dos opióides diminuiu muito a realização de bloqueios invasivos e neurocirurgias ablativas, embora em alguns casos esse procedimento é amplamente indicado e eficaz. Porém as técnicas são muito complexas e precisam de horas de treinamento para serem realizadas com excelência.

   

    Com o passar do tempo, vários especialistas com experiência internacional voltaram ao Brasil, sentindo a necessidade da criação de uma sociedade com caráter científico que pudesse reunir as mais diversas especialidades interessadas no tema, para compartilhar experiências e promover abordagens científicas aqui em nosso país, a primeira reunião ocorreu em 1982 em São Paulo.

Em 1984, no quarto congresso mundial de dor a IASP,  reconheceu a SBED como parte do Brasil naquela sociedade internacional.

O primeiro simpósio internacional organizado em SED foi em 1985, seu inicio foi difícil por causa da extensão territorial do nosso país, pois o orçamento não comportava, haviam somente 50 sócios. Algum tempo depois em 1993, o 1º Congresso Brasileiro de Dor, favorecendo assim o aumento do número de sócios contribuintes.

Com o passar dos anos a SBED agregou profissionais de outras áreas, interessados no tratamento da dor. Tornando-se assim por um período, a terceira maior entidade em número de sócios da IASP, sendo a interdisciplinaridade sua maior força e até o momento foram realizados 14 eventos da SBED sobre dor.

Referência Bibliografica:

Tratado de Dor: Publicação da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor / Irimar de Paula Posso… et al – 1. ed. – Rio de Janeiro : Atheneu, 2017

Marcelo Rocha

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